sábado, 17 de novembro de 2012

Família

Tradicionalmente, a família é vista como um espaço onde há amor, carinho, partilha, confiança. No entanto, e não sou eu que o digo (se quiserem saber mais procurem artigos da socióloga Isabel Dias), é nas famílias que ocorrem os crimes mais horrendos. A família é um espaço pouco seguro e, muitas vezes, nada tem a ver com o que os filmes ou os contos de fadas nos transmitem.

Dirá quem, eventualmente, ler isto: "Olha que exagero!". De facto, estou a exagerar. Os filmes e os contos de fada até refletem isso. Basta vê-los com maior profundidade. Sorte de quem tem uma família onde abundam os elementos que atrás falei... mas, chamem-me pessimista, a verdade é que essas serão exceções.

A minha família é estranha. Durante muito tempo, os meus familiares mais próximos, e que infelizmente já não estão entre nós, sempre se preocuparam muito com as aparências, com os outros (familiares) e não com  aqueles (familiares) que sempre haviam estado do seu lado. Ora, eu nem sempre me apercebi disto e, temo, cometi algumas injustiças. Resumindo, muitas das coisas que me não me deixam ser tão feliz quanto, passe a imodéstia, mereço têm a ver com a minha família... em particular com aquele que, no papel, é meu tio e padrinho. Esse ser, que tem muito de psicopatado, está a fazer-nos (à minha muito pequena mas muito amada família) passar um péssimo bocado. Pessoas poderosas, inteligentes e maliciosas, que sabem tão bem mexer os cordelinhos. No entanto, espero, verdadeiramente, que esta tempestade passe depressa e que o ano do 13 (número pelo qual nutro sentimentos bastante dispares) seja mais suave.

O que concluo, embora tardiamente, é que a vida nem sempre é como nas novelas. Isto é, nem sempre os vilões têm aquilo que merecem e os bons são recompensados. Esta minha conclusão em nada se relaciona com qualquer tipo de vingança. Diria mais que tem a ver com justiça.

Penso, também, que, na maioria das vezes, a mais bonita e verdadeira família é aquela que construímos. E isto soa um bocado a cliché. Soa, mas é verdade. A nossa família pode ser constituída não só por aqueles a quem nos encontramos ligados pelo sangue mas também pelas pessoas que passam pela nossa vida e que nos completam. No meu entender, isto significa que, ao longo da vida, vamos perdendo alguns "familiares" e ganhando outros. Podemos, até, recuperar "familiares" perdidos pelo caminho. As relações não são estanques e as pessoas (as personagens principais desta peça) não são (nem poderiam ser) perfeitas.

Um dia gostaria de constituir família. Mais uma. Tenho algum receio, é certo. Mas, bolas, por que não poderei ter direito a viver um sonho não tão cinzento mas sim pincelado de cor-de-rosa?

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Já que cá estão, digam de vossa justiça :)